Investigadores da Universidade Europeia do Atlântico (UNEATLANTICO), entre os quais Santos Gracia, Silvia Aparicio, Rubén Calderón, Eduardo Silva e Luis Dzul, participam num estudo que desenvolve fenótipos clínicos baseados em sinais vitais e biomarcadores de doentes agudos para facilitar a classificação de risco nos cuidados pré-hospitalares.
Os serviços de emergência médica (EMS) desempenham um papel crucial na gestão de doenças agudas potencialmente fatais. Os médicos dos SME têm de tomar decisões rápidas e precisas em situações críticas e dinâmicas. No entanto, a identificação rápida de doentes de alto risco é um desafio nos cuidados pré-hospitalares. Por este motivo, estão a ser implementadas estratégias para melhorar o reconhecimento atempado destes doentes, tais como a utilização de pontuação, biomarcadores, análises ao sangue, modelação do risco, fenotipagem, entre outras.
A análise ao sangue no local do incidente é uma das estratégias mais eficazes para detetar condições de alto risco ocultas em doentes que não apresentam uma doença aguda e obviamente potencialmente fatal. Ajuda a detetar doenças como desequilíbrios electrolíticos, doenças metabólicas e endócrinas, insuficiência respiratória, anemia ou insuficiência renal. Os testes no local de prestação de cuidados (POCT) são utilizados para obter resultados rápidos de análises ao sangue, níveis de gases no sangue venoso ou arterial, perfil renal, glucose, hemoglobina, entre outros. Normalmente, os POCT só estão disponíveis nos hospitais, mas atualmente também ajudam a apoiar o processo de tomada de decisões no local de um incidente.
Nos cuidados intensivos pré-hospitalares, as pontuações de alerta precoce, as escalas de risco e os modelos preditivos são frequentemente utilizados para detetar doenças dependentes do tempo e os seus prognósticos a curto e longo prazo. Além disso, a utilização de fenótipos nos hospitais para identificar condições fisiopatológicas específicas é cada vez mais comum. O fenótipo refere-se ao conjunto de caraterísticas morfológicas e fisiológicas observáveis de uma pessoa, cujo estudo é essencial para compreender as diferentes formas em que uma doença se pode apresentar. No entanto, os estudos e a investigação sobre a sua utilização nos cuidados pré-hospitalares são muito escassos.
Neste contexto, o objetivo do estudo foi desenvolver fenótipos clínicos com base em sinais vitais e biomarcadores recolhidos por médicos do INEM durante os cuidados de emergência iniciais em doentes com doenças agudas potencialmente fatais. A análise baseou-se em dados de 7909 pacientes do sexo masculino e feminino com idades compreendidas entre os 51 e os 80 anos.
Utilizando a aprendizagem automática não supervisionada, foram identificados três fenótipos clínicos distintos, designados por alfa, beta e gama, que foram associados a diferentes níveis de gravidade da doença. O fenótipo alfa é caracterizado por doença cardíaca grave e outras condições associadas a uma elevada morbilidade e mortalidade a curto e longo prazo. Além disso, os doentes com estas condições mostraram uma dependência acentuada de intervenções de manutenção da vida no local. As condições do fenótipo beta eram altamente heterogéneas. Os doentes caracterizavam-se por uma melhoria do equilíbrio ácido-base, um aumento da oxigenação sanguínea, uma hiperlactacidemia ligeira e uma hiperglicemia ligeira. Finalmente, o fenótipo gama incluía doenças a priori menos graves ou condições não específicas; os doentes apresentavam resultados dentro dos intervalos considerados normais.
A fenotipagem, ou seja, a classificação dos doentes em diferentes grupos com base em caraterísticas clínicas e biomarcadores, está a tornar-se cada vez mais comum na prática clínica. Esta metodologia é já utilizada em doenças como a sépsis, a doença pulmonar obstrutiva crónica e a insuficiência cardíaca. No entanto, a sua aplicação no contexto pré-hospitalar está ainda a dar os primeiros passos. Recomenda-se, portanto, mais investigação, uma vez que esta metodologia tem implicações importantes na triagem de emergência e nos cuidados críticos pré-hospitalares.
Para saber mais sobre este estudo, clique aqui.
Para ler mais pesquisas, consulte o repositório UNEATLANTICO.