Diego Nagore e Juan Jesús López, membros da Equipo Europa, dão a segunda palestra do curso de oratória

13 fev 2025
Diego Nagore e Juan Jesús López, membros da Equipo Europa, dão a segunda palestra do curso de oratória

A Universidad Europea del Atlántico (UNEATLANTICO) organizou a segunda palestra do curso de oratória como parte da 8ª edição da Liga de Debates, na qual membros da Equipo Europa e profissionais da comunicação analisaram o impacto da oratória no cenário europeu e as chaves para uma comunicação eficaz nesse campo.

A reunião contou com a presença de Diego Nagore, especialista em falar em público com experiência no Parlamento Europeu e na Comissão Europeia, e Juan Jesús López, especialista em debates e simulações europeias. Ambos os palestrantes explicaram as particularidades do discurso político nas instituições da UE e ofereceram conselhos sobre como melhorar a argumentação e a apresentação em debates.

Nagore iniciou seu discurso abordando a importância de falar em público na União Europeia, destacando sua experiência na unidade de protocolo do Parlamento Europeu e seu trabalho na preparação de discursos para um deputado espanhol. Ele explicou que o Parlamento Europeu é um órgão de representação dos cidadãos em que a oratória é caracterizada pelo tom direto, pelo uso de apelos à opinião pública e por uma forte carga emocional, especialmente em questões sensíveis e controversas. “Muitos eurodeputados recorrem a estratégias de persuasão baseadas na moralidade e na justiça, usando exemplos reais de pessoas afetadas pelas políticas europeias em discussão”, disse ele.

Ele também destacou o contexto multilíngue da instituição, que influencia a construção dos discursos. A clareza e a simplicidade são essenciais para que as mensagens sejam compreensíveis para todos os membros do Parlamento Europeu e possam ser facilmente traduzidas. Ele também enfatizou a necessidade de formalidade e cortesia nos discursos, pois, diferentemente dos parlamentos nacionais, no Parlamento Europeu é comum a busca de consenso e acordos entre diferentes grupos.

Ele comparou essas características com as da Comissão Europeia, o órgão responsável por propor leis e gerenciar políticas públicas. Nessa área, a oratória é mais técnica e menos conflituosa. Os discursos dos comissários europeus buscam persuadir as pessoas sobre a necessidade de suas propostas, usando linguagem precisa e estratégias diplomáticas. Nagore destacou o uso frequente de respostas vagas e repetitivas ao lidar com questões delicadas, bem como o uso excessivo de jargão diplomático, que muitas vezes cria a sensação de que a UE não responde claramente aos problemas dos cidadãos.

Para se comunicar com sucesso no ambiente europeu, ele listou vários pontos-chave: conhecer bem seu público, evitar tecnicismos desnecessários, estruturar seu discurso com clareza e manter um tom respeitoso e diplomático. Ele também enfatizou a importância da linguagem corporal e do tom de voz, dando como exemplo a postura em forma de diamante de Angela Merkel.

Juan Jesús López concentrou sua apresentação na estrutura do debate e na importância da argumentação. Ele explicou que, em um debate, não é apenas o número de argumentos que conta, mas também sua solidez e a conexão lógica entre eles. Ele apresentou o método ARE: Asserção, Raciocínio e Evidência, ressaltando que um argumento só é válido se atender a essas três condições: “A chave para vencer um debate é manter os argumentos acima da linha do oponente, reforçando-os com evidências e raciocínio sólido”, disse ele.

Lopez também abordou a construção de conclusões eficazes, enfatizando que elas não devem ser um simples resumo, mas uma dissecação dos argumentos apresentados durante o debate. Ele explicou que uma conclusão forte é construída com base em dúvidas bem resolvidas e deve parecer honesta.

Além disso, ele apresentou aos alunos a metodologia de análise e preparação para um debate, com ênfase especial na identificação de palavras-chave, na construção de argumentos e na preparação de evidências. Ele também refletiu sobre a diferença entre se referir à Europa como um continente ou como a União Europeia, ressaltando que essa abordagem pode condicionar o desenvolvimento do debate.