Os alunos do quarto ano da Graduação em Atividade Física e Ciências do Esporte da UNEATLANTICO realizaram mais um ano de prática de caminhada adaptada, com algumas cadeiras jöelette fornecidas pela Associação Arratrasillas, além de completarem um circuito com infraestrutura e técnicas específicas para orientar as pessoas com diversidade funcional visual por meio do ambiente natural. A prática tem sido realizada no campus universitário, desde o pavilhão esportivo até aos diferentes locais fora do campus e tem contado com representantes da organização para explicar o trabalho que realizam e oferecer-lhes testemunhos reais dos benefícios que estas experiências trazem para as pessoas com diversidade funcional e mobilidade reduzida.
Por um lado, o professor Juan Aparicio mostrou como funcionam as cadeiras joëlette. Aparicio comparou esta atividade a uma “carruagem” em que o cavaleiro é a pessoa mais importante de todas, pois é ele quem tem a deficiência funcional e, portanto, a pedra angular sobre a qual gira todo o restante.
Na frente, amarradas à frente da cadeira por um arnês, estão as alças. O número destes depende do terreno, quanto mais irregular e íngreme mais atiradores são necessários. O atirador define a direção e a força, devendo fazê-lo sempre com as costas e não com os braços, pois logo ficam dormentes. De salientar que a pessoa mais próxima do piloto deve garantir que os seus calcanhares nunca tocam no piloto, mantendo uma distância de segurança para nunca tropeçar nele. O cavaleiro está na sela, com o qual são tomadas uma série de rigorosas medidas de prevenção antes do início da caminhada, para garantir a máxima segurança para cada parte da cabeça e do corpo.
Por fim, atrás do cavaleiro está o guia, responsável pela estabilidade antes, durante e depois do processo. Deve-se verificar se o passador está selado para que a roda que sustenta o ciclista fique fixa e estável e, para isso, o teste é realizado puxando a cadeira para frente para verificar se o passador está bem fechado. Esta pessoa tem que estar sempre com as mãos no freio, para minimizar os riscos e assim antecipar qualquer perigo ou obstáculo que possa encontrar pelo caminho. Se tiverem que subir ladeiras ou escadas, precisarão de mais tração e, portanto, de mais alças, mas sempre conseguindo sincronizar os passos. O mais importante é manter a segurança do piloto.
Por outro lado, o professor Florent Osmani acompanhou os alunos no processo de se colocarem no lugar dos cegos durante um dia, numa atividade de caminhada adaptada com barras guiadas formadas por lanças, onde, com exceção de alguns, os participantes não podiam usar a visão.
Ao contrário das cadeiras, neste esporte é o guia quem vai na frente, pois é o único que tem visão total. Da mesma forma, todos devem andar do mesmo lado da barra para facilitar a sincronização dos passos e por questões de segurança, já que a barra está sempre do lado perigoso caso haja possibilidade de queda de um penhasco. Por trás do todo está uma pessoa parcialmente cega, pois é importante que haja uma certa visão também nessa perspectiva. O professor Osmani enfatizou que “é necessário dar instruções constantemente e que haja muita comunicação entre todos”, pois “mesmo um pequeno passo muda tudo”.
Com tudo isso, os professores do CAFYD queriam que os alunos conhecessem as técnicas e infraestruturas necessárias para a realização de atividades esportivas em ambiente natural com grupos com diversidade funcional. Da mesma forma, avaliar e interpretar as necessidades específicas de pessoas e grupos com diversidade funcional na prática esportiva no ambiente natural. Também entre seus objetivos estava promover projetos sustentáveis relacionados à atividade física que beneficiem grupos com diversidade funcional. Por fim, buscou-se a transversalidade com os conteúdos da disciplina Inclusão e Diversidade.